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O conteúdo dos programas de Reabilitação Pulmonar varia globalmente, porém, a forma mais comum de Reabilitação Pulmonar é implementada por meio de um programa de exercícios ambulatorial em hospital. De acordo com uma pesquisa global realizada por representantes de 430 centros de 40 países, 262 (60,9%) eram programas ambulatoriais, enquanto 41 (9,5%) eram programas de internação e 106 (24,7%) centros ofereciam ambos. Apenas 21 (4,9%) programas eram realizados em casa ou em um ambiente de atenção primária. Deve-se observar que, até o momento, a maioria das evidências que sustentam os benefícios da reabilitação pulmonar foi gerada a partir de estudos ou programas de reabilitação pulmonar baseados em hospitais.

Os profissionais de saúde que desenvolvem prescrições de exercícios e supervisionam o treinamento de exercícios, podem ser desafiados pela variabilidade e gravidade da doença do paciente, bem como interpretar e usar os programas de diretrizes/declarações do American College of Sports Medicine (ACSM), American Thoracic Society (ATS), European Respiratory Society (ERS), e/ou American Association of Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation (AACVPR ) Diretrizes e recomendações também estão disponíveis na British Thoracic Society, the Canadian Thoracic Society, e o American College of Chest Physicians / AACVPR.

Apesar dos benefícios conhecidos da reabilitação pulmonar, no mundo real, a frequência dos pacientes e a taxa de conclusão da reabilitação pulmonar são baixas. Alguns estudos mostraram que o transporte insuficiente de ida e volta para programas de em hospitais é a barreira mais comum para a participação. Foi relatado que aqueles que viajaram mais de 30 minutos para um centro de reabilitação eram significativamente menos propensos a completar o programa, do que aqueles que viajaram distâncias mais curtas. Um método de abordar algumas dessas lacunas no atendimento é instituir programas de Reabilitação Pulmonar domiciliares. Há um crescente corpo de evidências que sugere que o treinamento físico domiciliar é viável e pode ser eficaz para melhorar a capacidade de exercício, reduzir a falta de ar e melhorar a qualidade de vida. Notavelmente, os programas domiciliares podem melhorar significativamente a adesão dos pacientes e as taxas de conclusão da reabilitação pulmonar. Um estudo avaliou se a reabilitação domiciliar auto-monitorada foi tão eficaz quanto a reabilitação hospitalar ambulatorial nesses pacientes. Eles descobriram que a reabilitação domiciliar não era inferior aos programas ambulatoriais baseados em hospitais. Outro estudo realizou uma meta-análise e os autores descobriram que a Reabilitação Pulmonar domiciliar resultou em melhorias significativamente maiores na capacidade de exercício e na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) em comparação com os cuidados usuais.

Devido a pandemia e as limitações citadas, a tendência é abordar as limitações dos programas tradicionais de Reabilitação Pulmonar em hospitais por meio da telerreabilitação. Telerreabilitação (um subconjunto da telessaúde) é o uso de tecnologias de informação e comunicação para fornecer serviços de reabilitação clínica à distância. Ele pode ser fornecido de várias maneiras diferentes, incluindo visitas bidirecionais em tempo real com áudio, vídeo ou ambos; visitas eletrônicas assíncronas; check-ins virtuais; avaliações remotas de vídeos ou imagens gravados; ou serviços de avaliação e gerenciamento por telefone. Pode ser entregue diretamente na casa do paciente ou em um centro de saúde próximo.

Em resposta a esse novo panorama da prática médica, várias organizações, como a American Physical Therapy Association, a Australian Physiotherapy Association e a Italian Physiotherapy Association, expandiram os recursos e o aconselhamento para a implementação de serviços de telerreabilitação. De acordo com o relatório da American Physical Therapy Association publicado em junho de 2020, serviços de fisioterapia foram considerados essenciais pelas autoridades federais, estaduais e locais durante a pandemia.

Seguindo recomendações nacionais e internacionais, os programas de Reabilitação Pulmonar foram orientados a suspender suas atividades e prestar atendimento à distância por meio de soluções de telessaúde (por exemplo, telefone, videochamada, telerreabilitação). Já existiam grandes preocupações sobre a falta de acesso a programas de Reabilitação Pulmonar (em hospitais, cuidados primários ou comunitários) em todo o mundo. Esta situação foi certamente agravada pelo surto de COVID-19 devido à interrupção da reabilitação pulmonar, e também pelo aumento do número de pessoas com doenças respiratórias adquiridas.

Assim torna-se importante um modelo de telerreabilitação que permite todos os componentes essenciais da reabilitação pulmonar, especificamente treinamento de exercício supervisionado e educação de autogestão, para ser entregue em casa, usando equipamento prontamente disponível, com resultados clínicos comprovados e custos comparáveis, esse modelos tem o potencial de mudar dramaticamente a aceitação e acessibilidade da reabilitação pulmonar para todos os pacientes com doença respiratória crônica. Dada a alta evidência científica de reabilitação pulmonar na melhora dos sintomas, domínios fisiológicos e psicossociais em pacientes com doença respiratória crônica, é urgente explorar caminhos inovadores para superar as dificuldades do passado e do presente.

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